Enogastronomia é a arte de
harmonizar os vinhos e os alimentos em uma mesma refeição, essa arte abre as
portas para o fascinante mundo dos aromas, sabores e texturas.
A relação de amor entre o
vinho e a comida é conhecida há muitos séculos e vem sendo aprimorada desde
então. Pode-se dizer que a harmonização é o casamento perfeito entre eles,
evitando que um sobressaia sobre o outro. No passado, tanto as opções
gastronômicas, quanto as opções de vinhos eram restritas, e isso simplificava a
escolha do vinho mais adequado para cada tipo de prato.
Nos dias atuais, temos que lhe
dar com vertentes muito mais amplas, tais como: pratos da culinária indiana,
árabe, brasileira, chinesa, japonesa, tailandesa e tantos outros que já fazem
parte do nosso dia a dia. Houve, também, uma grande ampliação na variedade de
vinhos, regiões e países produtores. Nessas horas,
devido ao grande número de possibilidades de harmonização, estar por dentro da
cultura do vinho se faz bastante necessário.
Quando se pensa em fazer uma
harmonização, existem alguns fatores que podem influenciá-la, como: - a receita
proposta pelo chef; - as tradições e costumes locais; - o gosto pessoal; - o
fator cultural; - a temperatura de serviço do vinho e do prato.Além
disso, existem algumas regras e técnicas que podem ajudar na melhor
compatibilização entre o alimento e a bebida.
O
primeiro passo é decidir o que escolher antes: o vinho ou a comida, essa é sempre
a grande questão. A resposta vai depender do local em que se estiver e em qual
situação. Se estiver em um restaurante, o mais sensato é escolher primeiro o
prato e então decidir pela melhor harmonização com o vinho. No entanto, se
estiver em um jantar com amigos, ou em um restaurante conhecido por sua carta
de vinhos, ou se souber que há na casa um sommelier para auxiliar, então,
o melhor seria escolher o vinho e depois o prato para o casamento ideal. Com
a escolha feita, seja do vinho ou do prato, deve-se atentar para algumas regras
de harmonizações generalizadas, tais como:
Vinho Tinto – sempre vai melhor com carnes.
Tinto seco leve – carnes vermelhas fritas ou grelhadas, frango
assado ou cozido, pizzas.
Tinto seco encorpado – carnes assadas e queijos brancos, como o
brie e o camembert caem bem;
Tinto leve – massas com molhos leves.
Tinto encorpado – queijos duros, como o provolone.
Tinto seco – massas com molho de tomate, ou com molho
de ervas ou ainda com molho condimentado, além de queijos amarelos, como o
parmesão e gouda, e frios em geral são combinações perfeitas.
Vinho Branco – os vinhos brancos, são melhores quando
harmonizados com peixes e frutos do mar, e quase nunca combinam com comidas
muito temperadas e carnes vermelhas.
Vinho Rosé – ótimo com carnes magras grelhadas, frango
assado, verduras gratinadas, massas italianas, charcutaria, entradas, tortilhas
e omeletes.
Espumantes – são flexíveis e vão bem com diversos
pratos, tais como: peixes defumados (salmão), carnes gordas assadas (leitão,
porco), aves assadas (frango, pato).
Vinho do Porto – frutas secas, bolos, queijos azuis,
sorvetes e sobremesas são boas combinações.
Jean Anthelme Brillat Savarin, o
pai da gastronomia, disse: “Uma refeição sem vinho é como um dia sem sol”,
porém, a escolha errada de um vinho para acompanhar um prato específico, pode
tornar a experiência da refeição em um momento não tão prazeroso quanto deveria
ser.
Com o intuito de maximizar e
potencializar tanto a expressão do prato, quanto a expressão do vinho, seguem algunas harmonizações retiradas do livro “Wine with food” da autora Joanna Simon:
Alcachofra: vinhos modernos gregos e húngaros,
Sauvignon Blanc da Nova Zelândia, Rioja branco jovem ou um Chardonnay vivo.
Antepasto: tintos ou brancos leves, italianos como o
Dolcetto ou o Verdicchio; ou um rosè seco.
Com relação à gastronomia brasileira, que tal
harmonizar a feijoada com um vinho frisante ou um espumante rosé e esquecer da
caipirinha?
Quer tentar algo mais ousado? Harmonize pastel de carne com Champagne rosé; a “frescura” vai valer a pena!
Tem morangos para a sobremesa? Harmonize com um Moscatel espumante nacional, vai ficar irresistível!
O importante, mesmo, é não se deixar limitar. O vinho, é uma questão de gosto. O melhor a fazer é seguir os seus instintos e tentar novas experiências. Usar o seu bom senso, moldar a harmonização ao seu gosto, sempre evoluindo aos poucos e no final se permitir novas descobertas.
Agora,
é só aproveitar e se deliciar com os prazeres que a vida nos oferece.
Bon appétit!
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